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Facebook ameaça privacidade de 2 bilhões de usuários do WhatsApp

A existência de um sistema de revisão de conteúdo vai contra a garantia de privacidade da empresa

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O WhatsApp promete aos usuários que ninguém pode ver suas mensagens - mas o serviço possui uma ampla operação de monitoramento e compartilha regularmente informações pessoais com terceiros, denunciou o jornalismo investigativo de interesse público do ProPublica, veículo sem fins lucrativos com sede em Nova York, EUA.

O veículo revelou o funcionamento interno do sistema de moderação de mensagens do WhatsApp, o que sugere que funcionários do serviço, em circunstâncias específicas, são capazes de ler as mensagens trocadas entre os usuários.

De acordo com a denúncia, o WhatsApp emprega pelo menos 1.000 funcionários que usam um "software especial do Facebook" para escanear conteúdo sinalizado pelo sistema de aprendizado de máquina da empresa ou relatado por usuários. Esse conteúdo varia entre material de abuso infantil, spam, atividade terrorista e muito mais.

O WhatsApp frequentemente afirma que apenas remetentes e destinatários podem ver conversas trocadas entre si devido à criptografia de ponta a ponta, que estreou na plataforma em 2016. Desde então, tem sido denunciada como uma ferramenta de marketing fundamental para o serviço de propriedade do Facebook. No entanto, a existência de um sistema de revisão de conteúdo vai contra a garantia de privacidade da empresa.

Sistema de revisão de conteúdo do WhatsApp

O WhatsApp, entretanto, diz ter um bom motivo para o seu sistema de revisão de mensagens. A empresa disse ao ProPublica que este processo permite banir usuários abusivos e prejudiciais da plataforma, além de sugerir que seus usuários devem iniciar reportar conteúdos ofensivos. Quando um usuário é denunciado, apenas o conteúdo ofensivo, bem como quatro mensagens anteriores, são enviados para o WhatsApp com o sigilo quebrado (decodificados). Embora os moderadores possam ver essas mensagens, eles não têm acesso a toda a biblioteca de conversas do usuário, nem o sistema de aprendizado de máquina pode acessá-la. Os moderadores podem descartar a mensagem denunciada, banir a conta do usuário denunciado ou colocá-lo em uma espécie de lista de observação.

No entanto, algumas informações não criptografadas também podem ser verificadas. De acordo com a publicação, dados não criptografados de contas colocadas em observação podem ser usados ​​para compará-los com práticas suspeitas. Essas informações variam entre detalhes dos grupos de um usuário até o seu número de telefone, além de sua mensagem de status, ID do celular e até o nível da bateria ou intensidade do sinal de rede.

Em um comunicado ao ProPublica, o Facebook alegou que acredita que seu sistema de revisão de conteúdo não é um problema para os usuários. "Com base no feedback que recebemos dos usuários, temos certeza de que as pessoas entendem que quando fazem denúncias ao WhatsApp, recebemos o conteúdo que eles nos enviam", observou.

Com isso, o Facebook "prejudica as proteções de privacidade de seus 2 bilhões de usuários do WhatsApp", destaca o jornalismo investigativo do ProPublica.

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