O Pixel Watch 4, relógio inteligente do Google anunciado em agosto junto da linha Pixel 10 e colocado à venda ontem, conquistou um feito raro: a desmontagem do iFixit classificou este como o relógio mais reparável já testado, com nota provisória 9/10.
A avaliação surpreende porque, em produtos tão compactos, trocas e consertos costumam exigir cola e calor. No Pixel Watch 4, a entrada é realmente pela traseira, acessada ao desparafusar a tampa. Esses parafusos também acionam uma pequena dobradiça interna, simplificando a abertura sem romper selos.
Por dentro, a arquitetura foi repensada para manutenção. O motor de vibração é fixado com parafusos e se conecta por pinos “pogo” (contatos de mola que dispensam solda), e dois desses parafusos ainda servem para a bateria, acelerando a troca. Na prática, substituir a bateria leva poucos minutos.
A tela não é colada: ela usa uma junta tipo O-ring — um anel de borracha de vedação — que pode ser trocada. Esse sistema, combinado a parafusos, garante a certificação IP68 (resistência a poeira e água, com imersão limitada) sem cola, algo incomum em relógios inteligentes. A placa que abriga o chip principal (o “cérebro” do dispositivo, que integra processador, gráficos e conexões) também sai facilmente, ajudando reparos em componentes eletrônicos.
O contraste com modelos recentes de concorrentes é direto: enquanto alguns apostam em telas coladas e acesso frontal difícil, o relógio do Google prioriza modularidade e parafusos. Para o consumidor, isso significa consertos mais rápidos e baratos ao longo do ciclo de vida; para o meio ambiente, menos lixo eletrônico, já que peças podem ser trocadas em vez de o produto ser descartado.
Segundo o iFixit, o desenho interno é “cuidadoso” e “feito para ser reparado”. Em um mercado de dispositivos vestíveis que frequentemente sacrificam manutenção em nome da estanqueidade e do design, o Pixel Watch 4 mostra que é possível conciliar durabilidade, vedação e reparabilidade — um recado claro em favor do direito ao conserto.
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